sexta-feira, 8 de maio de 2015

RESENHA DE SEXTA #07# ENTREVISTA: BETO CUPERTINO


Leitores deste blog entrelaçado nas redes do nordeste da Bahia para o mundo, apontamos nosso barco digital no sentido do pacífico sul - sempre - e paramos em Goiás, terra de rock, terra de Goiânia; que vem datilografada aos meus olhos desde a finada revista outra coisa com suas bandas e festivais, mudando completamente o eixo das relações musicalescas deste trópico.

É de lá que fala nosso entrevistado: Beto Cupertino. Quem é ele? Escritor, poeta, músico, ativista cultural[...] ele traz as boas novas do cerrado e apresenta para você seus inúmeros projetos, se é que você ainda não os conhece.

 
Foto de Laíse Chagas


Eventual Rock: O Aliança Hostil é um reflexo aos acontecimentos políticos de 2014? Falo isso pois ao escutar o disco senti uma tremenda conexão com o Brasil atual.

Beto Cupertino: Não necessariamente, embora uma ou outra música possa ter, porque são novas. Mas outras dessas músicas já tinham sido escritas antes de 2014. Então não seria adequado dizer que foi um disco pensado pelos acontecimentos de 2014, porque não foi, não!


EVENTUAL ROCK: Beto, TONTO é sua válvula de escape, são as canções que não cabem no ideal da Violins?

Beto Cupertino: Na verdade, não considero o Tonto uma válvula de escape. É mais uma possibilidade de fazer música com pessoas que eu gosto muito e respeito, então nesse sentido para mim está no mesmo patamar do Violins ou qualquer outra banda que eu venha a participar. Essa separação não existe na minha cabeça sinceramente!
 

Eventual Rock: Existe pretensão para um novo disco da TONTO, existe alguma possibilidade de turnê pelo nordeste?

Beto Cupertino: Por enquanto não falamos sobre disco novo ainda. Fazer show pelo nordeste seria muito massa, mas também tenho que ser realista de saber que a banda é pouco conhecida, não possui um público certo que vá levar um produtor a topar esse tipo de aventura.

Eventual Rock: A TONTO tem espaço na atual composição dos festivais independente nacional? Por quê?

Beto Cupertino: Acredito que sim! Já tocamos em alguns festivais independentes grandes recentemente, acho que podemos tocar em qualquer festival sem nenhum problema!

Eventual Rock: A Violins já deu uma pausa outras vezes e acabou voltando com outros discos, podemos esperar mais algum disco da Violins para os próximos anos, esse show recém anunciado por vocês pode um ser início de mais uma serie de shows e quem sabe um novo disco?

Beto Cupertino: Na banda, a gente sempre vai levando naturalmente. Decidimos fazer esses shows agora depois de muito tempo, e foi muito legal a decisão. Ainda não conversamos nada sobre fazer um novo disco, mas isso não está descartado, não... se surgir a vontade de todos em conjunto, por que não?

Eventual Rock: Recentemente você em uma de suas redes sociais demonstrou o interesse de lançar um disco solo, usando seu nome, talvez até através do sistema de financiamento coletivo, já existem canções para esse possível projeto, o que o diferenciaria de seu projeto chamado Perito Moreno?

Beto Cupertino: Sim, as músicas já estão todas prontas. Estou finalizando umas ideias para tentar um financiamento coletivo. O projeto perito moreno era de músicas em inglês gravadas caseiramente só com voz e violão, ou piano e voz. Esse disco que pretendo gravar será feito com banda completa e as músicas não são em inglês, por isso não vai lembrar em nada aquele outro projeto.

Eventual Rock: Seu primeiro livro foi muito bem aceito por críticos e fãs, existe um desejo de mais algum livro, ou quem sabe uma coletânea de crônicas?

Beto Cupertino: Cara, escrever um livro é um trabalho danado. Eu passei a respeitar muito mais o escritor nacional, porque é um meio complicadíssimo. Eu ainda não juntei forças para iniciar um novo projeto, mas eu acho que mais cedo ou mais tarde vou acabar escrevendo outra coisa, porque é o que sempre fiz desde que me entendo por gente.

Eventual Rock: Quais bandas e livros têm feito parte de seu dia a dia, o que você poderia recomendar para nossos leitores?

Beto Cupertino: Atualmente tenho ouvido o novo do Death Cab for Cutie que gosto muito. Tenho lido mais livros ligados à minha atuação profissional como pesquisador da Assembleia Legislativa, livros ligados à área do poder legislativo, processo legislativo, acho que não seria uma boa recomendação para os leitores!rs Embora eu sinceramente goste muito do tema.

Eventual Rock: Desde a época do finado Orkut, não somente você, mais os outros membros da Violins tinham contato direto com os fãs da banda, noto que isso ainda acontece com você no Facebook, qual a importância que você dá a isso e em que as diversas opiniões te influencias no processo de composição?

Beto Cupertino: Por que eu não teria contato com as pessoas que se identificam com o que eu faço? Eu sinceramente não consigo entender como alguém pode se achar destacado daqueles que admiram o que ele faz. Não entra na minha cabeça alguém que não tenha ‘contato com fãs’. Isso é meio pobreza de espírito. Quero estar em contato com as pessoas que têm consideração por mim, que gostam das coisas que eu componho, me sinto unido a elas. Sem dúvida que eu posso levar uma crítica para a hora da composição. Já ouvi muitas críticas que levei a sério e percebi que estavam corretas e mudei algumas coisas. Outras são coisas que a gente confia que precisa passar e assume o risco, até porque também deixar de ser quem você é para querer satisfazer todo mundo é uma missão meio sem noção pra mim.

Eventual Rock: Como funciona seu processo de composição, primeiro vem as letras em seguida as melodias? As novas tecnologias lhe ajudam na hora de gravar algo que logo lhe vem em mente? 

Beto Cupertino: Normalmente eu começo fazendo alguma sequência de acordes, depois vou bolando alguma melodia e junto a ela vou testando palavras e letras. Muitas temáticas já surgiram apenas do fato de uma palavra ter servido bem num lugar e essa palavra ter despertado um tema na minha cabeça. Então as coisas vão acontecendo assim. Depois eu pego o texto e vou tentando melhorar.

Eventual Rock: Goiânia tem sido um celeiro de grandes bandas para o cenário nacional, como você vê a cena goiana atualmente?

Beto Cupertino: Muito rica de bandas de diversos estilos. Eu acho que Goiânia não deve nada a nenhuma cidade do Brasil em termos de qualidade de bandas. Poderia fazer uma lista de pelo menos umas 20 bandas autorais com trabalhos de muita qualidade dentro de várias vertentes do rock/pop/mpb.


|Texto: Danilo Cruz | Entrevista: Jefferson Brito | Foto: Laíse Chagas |
|Onde encontrar? http://www.violins.com.br/ |