Leitores deste blog entrelaçado nas redes do nordeste da Bahia para o mundo, apontamos nosso barco digital no sentido do pacífico sul - sempre - e paramos em Goiás, terra de rock, terra de Goiânia; que vem datilografada aos meus olhos desde a finada revista outra coisa com suas bandas e festivais, mudando completamente o eixo das relações musicalescas deste trópico.
É de lá que fala nosso entrevistado: Beto Cupertino. Quem é ele? Escritor, poeta, músico, ativista cultural[...] ele traz as boas novas do cerrado e apresenta para você seus inúmeros projetos, se é que você ainda não os conhece.
Foto de Laíse Chagas
Eventual Rock: O Aliança Hostil é um reflexo aos acontecimentos políticos de 2014? Falo isso pois ao escutar o disco senti uma tremenda conexão com o Brasil atual.
Beto Cupertino: Não necessariamente, embora uma ou outra música possa ter, porque são novas. Mas outras dessas músicas já tinham sido escritas antes de 2014. Então não seria adequado dizer que foi um disco pensado pelos acontecimentos de 2014, porque não foi, não!
EVENTUAL ROCK: Beto, TONTO é sua válvula de escape, são
as canções que não cabem no ideal da Violins?
Beto Cupertino: Na verdade, não considero o Tonto uma
válvula de escape. É mais uma possibilidade de fazer música com pessoas que eu
gosto muito e respeito, então nesse sentido para mim está no mesmo patamar do
Violins ou qualquer outra banda que eu venha a participar. Essa separação não
existe na minha cabeça sinceramente!
Eventual Rock: Existe pretensão para um novo disco da
TONTO, existe alguma possibilidade de turnê pelo nordeste?
Beto Cupertino: Por enquanto
não falamos sobre disco novo ainda. Fazer show pelo nordeste seria muito massa,
mas também tenho que ser realista de saber que a banda é pouco conhecida, não
possui um público certo que vá levar um produtor a topar esse tipo de aventura.
Eventual Rock: A TONTO tem espaço na atual composição
dos festivais independente nacional? Por quê?
Beto Cupertino: Acredito que sim! Já tocamos em alguns
festivais independentes grandes recentemente, acho que podemos tocar em
qualquer festival sem nenhum problema!
Eventual Rock: A Violins já deu uma pausa outras vezes e
acabou voltando com outros discos, podemos esperar mais algum disco da Violins
para os próximos anos, esse show recém anunciado por vocês pode um ser início
de mais uma serie de shows e quem sabe um novo disco?
Beto Cupertino: Na banda, a
gente sempre vai levando naturalmente. Decidimos fazer esses shows agora depois
de muito tempo, e foi muito legal a decisão. Ainda não conversamos nada sobre
fazer um novo disco, mas isso não está descartado, não... se surgir a vontade
de todos em conjunto, por que não?
Eventual Rock: Recentemente você em uma de suas redes
sociais demonstrou o interesse de lançar um disco solo, usando seu nome, talvez
até através do sistema de financiamento coletivo, já existem canções para esse
possível projeto, o que o diferenciaria de seu projeto chamado Perito Moreno?
Beto Cupertino: Sim, as músicas
já estão todas prontas. Estou finalizando umas ideias para tentar um
financiamento coletivo. O projeto perito moreno era de músicas em inglês
gravadas caseiramente só com voz e violão, ou piano e voz. Esse disco que
pretendo gravar será feito com banda completa e as músicas não são em inglês,
por isso não vai lembrar em nada aquele outro projeto.
Eventual Rock: Seu primeiro livro foi muito bem aceito
por críticos e fãs, existe um desejo de mais algum livro, ou quem sabe uma
coletânea de crônicas?
Beto Cupertino: Cara, escrever um livro é um trabalho
danado. Eu passei a respeitar muito mais o escritor nacional, porque é um meio
complicadíssimo. Eu ainda não juntei forças para iniciar um novo projeto, mas
eu acho que mais cedo ou mais tarde vou acabar escrevendo outra coisa, porque é
o que sempre fiz desde que me entendo por gente.
Eventual Rock: Quais bandas e livros têm feito parte de
seu dia a dia, o que você poderia recomendar para nossos leitores?
Beto Cupertino: Atualmente
tenho ouvido o novo do Death Cab for Cutie que gosto muito. Tenho lido mais
livros ligados à minha atuação profissional como pesquisador da Assembleia
Legislativa, livros ligados à área do poder legislativo, processo legislativo,
acho que não seria uma boa recomendação para os leitores!rs Embora eu
sinceramente goste muito do tema.
Eventual Rock: Desde a época do finado Orkut, não
somente você, mais os outros membros da Violins tinham contato direto com os
fãs da banda, noto que isso ainda acontece com você no Facebook, qual a
importância que você dá a isso e em que as diversas opiniões te influencias no
processo de composição?
Beto Cupertino: Por que eu não
teria contato com as pessoas que se identificam com o que eu faço? Eu
sinceramente não consigo entender como alguém pode se achar destacado daqueles
que admiram o que ele faz. Não entra na minha cabeça alguém que não tenha
‘contato com fãs’. Isso é meio pobreza de espírito. Quero estar em contato com
as pessoas que têm consideração por mim, que gostam das coisas que eu componho,
me sinto unido a elas. Sem dúvida que eu posso levar uma crítica para a hora da
composição. Já ouvi muitas críticas que levei a sério e percebi que estavam
corretas e mudei algumas coisas. Outras são coisas que a gente confia que
precisa passar e assume o risco, até porque também deixar de ser quem você é
para querer satisfazer todo mundo é uma missão meio sem noção pra mim.
Eventual Rock: Como funciona seu processo de composição,
primeiro vem as letras em seguida as melodias? As novas tecnologias lhe ajudam
na hora de gravar algo que logo lhe vem em mente?
Beto Cupertino: Normalmente eu
começo fazendo alguma sequência de acordes, depois vou bolando alguma melodia e
junto a ela vou testando palavras e letras. Muitas temáticas já surgiram apenas
do fato de uma palavra ter servido bem num lugar e essa palavra ter despertado
um tema na minha cabeça. Então as coisas vão acontecendo assim. Depois eu pego
o texto e vou tentando melhorar.
Eventual Rock: Goiânia tem sido um celeiro de grandes
bandas para o cenário nacional, como você vê a cena goiana atualmente?
Beto Cupertino: Muito rica de
bandas de diversos estilos. Eu acho que Goiânia não deve nada a nenhuma cidade
do Brasil em termos de qualidade de bandas. Poderia fazer uma lista de pelo
menos umas 20 bandas autorais com trabalhos de muita qualidade dentro de várias
vertentes do rock/pop/mpb.
|Texto: Danilo Cruz | Entrevista: Jefferson Brito | Foto: Laíse Chagas |
|Onde encontrar? http://www.violins.com.br/ |