sexta-feira, 28 de novembro de 2014

RESENHA DE SEXTA #04# p.s. FUI ATÉ RIBEIRA DO POMBAL...


Ferdinando Blues Trio

Dia 15 de novembro foi um dos dias mais quentes do ano em Ribeira do Pombal, então a cerveja foi algo inseparável mesmo parecendo virar chá em questão de minutos... com o início previsto para as 16 horas, começamos as atividades, comecei tocando um set list minunciosamente escolhido para o dia, teve músicas da The Drums, Tame Impala, Mutantes, Wado, Deep Purple e Modest Mouse.  Entre cervejas e conversas animadas foi chegando a hora d' O Cisco mostrar seu trabalho, por volta das 18 horas Danilo Cruz no Baixo e backing vocal, Fabio Costa Guitarra e voz e Marcos Aurélio na Bateria começaram seu show, O Cisco é uma daquelas bandas de amigos que se juntam em prol de um mesmo objetivo, que vai além de apenas se divertir fazendo rock n roll, eles levam a sério aquilo que fazem, O Cisco mostrou músicas autorais, um rock setentista com o pé cravado nos sons atuais, letras cantadas em português, algo que me deixa bastante feliz, guitarra raivosa cheia de ginga e noise, Fábio Costa com seu vocal bastante limpo com bastante propriedade, mostrando acreditar naquilo que estava cantando, conheço Danilo a alguns anos e nunca tive a oportunidade de vê-lo tocando baixo, foi uma grata surpresa, ele além de tocar baixo, faz todos os backing vocais da banda. Em uma banda que é estruturada nesses três pilares, baixo, guitarra e Bateria, o baixo é uma peça fundamental, pois junto com a bateria guia a guitarra e o vocal no rumo melódico da música, Marcos Aurélio no comando das baquetas é surpreendente, conduz com precisão o peso e o balanço que a banda tem, foi o primeiro show da banda, entretanto a impressão que tive não foi essa, os caras estão super entrosados fazendo rock cru, algo que faz falta nos tempos atuais!
 
O Cisco
 Após O Cisco foi a vez do Ferdinando Blues Trio, vindo de Sergipe, uma longa viagem de carro até Pombal, com pouco tempo para descansar, mas nem por isso sem energia para tocar, começa uma jornada experimental pelo blues. Ferdinando é de Itabaiana e contou com o baterista e baixista Ângelo Linhares e Tiago (morcego), os caras disseram que tiveram pouco tempo para ensaiar o repertorio por conta da distância entre Aracaju e Itabaiana, bem, eu fiquei me perguntando, se com tão pouco tempo de ensaio os caras fizeram misérias, imagine se tivesse sido diferente...

Foi um show devastador, teve músicas próprias, improvisos surreais, covers de deixar a gente rouco de tanto gritar, baterista alucinado querendo tocar mais e mais, o baixista tocando horrores e o Ferdinando tocando demais, um grande guitarrista de blues, eles tocaram todas as sete músicas de seu disco novo, o “Sapatos Velhos & Uma Guitarra”, garanti o meu disco para ouvir em casa, com preço bacana de 5 reais, trouxe para casa esse ótimo disco. O Ferdinando tem um vasto conhecimento musical, coisa que só favoreceu ao clima intimista que o show teve, chegou um momento em que as músicas fluíam de uma forma louca.
Ferdinando Blues Trio
 

A ideia de fazer o evento de uma forma de pocket show foi perfeito, pois trouxe o público para mais próximo dos músicos, o local escolhido para o evento foi um ponto crucial para o sucesso dos shows, a Adega Pombal do grande amigo Renifran, é o melhor local para shows desse tipo, onde os amigos se reencontram, novas amizades surgem e a confraternização em torno de boa música fica ainda mais fortalecido.

Eu fiz novas amizades, e fortaleci ainda mais meus laços com Ribeira do Pombal, aguardo agora os próximos shows, pois não vejo a hora de voltar para essa cidade.
p.s. Fui até Ribeira do Pombal ao convite do Danilo, dia 15 de novembro seria o primeiro show da banda O Cisco, eles abriram o show da Ferdinando Blues Trio do Sergipe. Essa a minha primeira vez que Pombal, cidade que conhecia apenas por passar na rodoviária, mas nunca tive oportunidade de conhecer a cena roqueira que tem na cidade, foi uma experiência incrível, pois além de ir ver os dois shows tive a oportunidade de discotecar para o público presente.
Por Jefferson Britto*
Fotografia Ferdinando Blues Trio: Danilo Cruz
Fotografia O Cisco: Adriana Belarmino
 
*[https://www.facebook.com/JeffersonBritoo] é um grande amigo que gentilmente vai disponibilizar suas impressões sonoras aos leitores do eventual blog sempre às sextas-feiras.  

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A CENA FOTOGRAFADA #01

             
      A CENA FOTOGRAFADA:

Quadro que busca valorizar e divulgar o registro fotográfico como informação. Assim como trazer e compartilhar a magia das imagens capturadas, proporcionada pelo encontro das cores e das formas presentes no ambiente.
Data: 18/10/2014


 
 
 
 
 
Evento comemoração dos 5 anos da revista Rock Meeting.

Local: Praça Marcílio Dias, no Jaraguá, Maceió-AL
Atrações: Expose Your Hate (RN), Hate Embrace (PE), Autopse (AL) e Abismo (AL).
Bandas fotografadas: AUTOPSE E EXPOSE YOUR HATE.
Fotografia e Release: Décio Filho
Edição de Imagem: Danilo Cruz.
 

 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

#eventualcomenta


·         Vamos começar falando rapidamente do projeto chamado Callado, Eduardo Calado é o dono desse projeto ímpar, calado é ex membro da lendária banda Alagoana Stonegarden, também fez parte da banda Kaddish, cujo show pude ver no Festival Maionese de 2011, show inesquecível por sinal, Callado tem dois eps, o mais recente é o Friends, nostálgico como todo dreampop/shoegaze deve ser, o ep é um mergulho profundo em lembranças antigas e o desejo de novos encontros, são duas músicas que nos dá a dimensão do que vem por ai, Calado é sempre ativo nas redes sociais, um musico em constante produção, compositor de grandes canções um poeta contemporâneo, no site do músico você  encontra o dois eps: Friends e o The Three C Sessions para download gratuito; http://www.calladoproject.blogspot.com.br/ recomendo e digo mais, Calado é uma das grandes descobertas do nosso Indie Rock Nacional!
 
·         Vem de Alagoas a outra novidade que tenho para mostrar, Baztian é indie rock cru, sem piedade alguma com o ouvinte, é um grite de angustia nos dias que as lutas parecem ser difíceis de ganhar, é um sopro de alivio nos dias tensos, um power trio baixo, guitarra e bateria que te prende te entende e grita junto com você, com shows memoráveis eles te prendem a primeira audição, é surpreendente a forma em que abordam assuntos cotidianos, formada por Caíque, Rodolfo e Alcyr, Baztian é indie, grunge e post hardcore,  corre no site dos caras e confere o som; http://baztian.bandcamp.com/
 
·         Agora uma dica de bom filme rock n roll, tenho vários que eu poderia indicar, mas vamos começar por CBGB, filme que retrata a história do lendário clube de Nova Yorque que dominou a cena Punk Rock da cidade o seu dono Hilly Kristal, sedia espaço para banda como Television, Ramones, Iggy Pop e Lou Reed só para você ter noção do nível do lugar, o filme conta com os atores e músicos, destaco a atuação do Taylor Hawkins interpretando o Iggy, Joel Moore como Joey Ramone e Malin Akerman incorporando a Debbie Harry, é um filme que você não pode deixar passar, com uma dinâmica meio HQ, ele é bem humorado e aborda bem o que acontecia naquele período louco que foi a cena punk rock de Nova Yorque.

·         A próxima dica é de um aplicativo, já conhece o Spotify, essa plataforma de streaming de música não é diferente das demais que tem por ai, o diferencial é que foi a única que me atraiu, tanto relutei até que enfim passei a usar, existe os usuários gratuitos que tem de conviver com algumas propagandas de 30 segundos, e o premium, onde você paga uma mensalidade, pouco, mais paga. Gostei da plataforma pois sou de ficar garimpando sons novos, usando o programa para escutar as bandas que encontro ou quando quero escutar algum disco enquanto navego na web e não quero ter de pegar algum cd na prateleira ou ouvir coisas que gosto, mais não ao ponto de baixar o disco ou compra-lo. A biblioteca é vasta, são poucas as bandas que não encontrei nesse programa, acho muito valido ter uma plataforma assim, só acho bom ponderam e não ficar dependente dessa facilidade de ter o disco em mãos a qualquer momento e esquecer de comprar o disco físico.

·         Nos anos 2.000 existiu uma banda chamada Ludovic, a banda tinha influencias de Sonic Youth e Fellini, letras cantadas de forma angustiante, seu vocalista Jair Naves já demonstrava todo talento que viria reafirmar anos mais tarde, Ludovic é umas das mais emblemáticas bandas do underground brasileiro, são três discos; Ludovic, Servil e Idioma Morto. O segundo disco é um clássico para meus ouvidos, são versos agressivos e instrumentais cortantes que trazem à superfície a melancolia e o desespero humano, um disco que irá te asfixiar da primeira à última faixa, pos-punk, uma bela porta de entrada para os discos solo do Jair Naves.              



Por Jefferson Britto*

 

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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

RESENHA DE SEXTA #03# QUANTO VOCÊ PAGA PELA MÚSICA QUE OUVE?

 
 
Melhor dizendo, quanto você acha que deve pagar por ela?
Este é um assunto bastante em evidencia no mercado fonográfico, eu vivi a era do vinil, passei pela era das fitinhas k7 gravadas e regravadas dos cds que eu conseguia encontrar em minha cidade, não era fácil, devo dizer. Era complicado encontrar bons discos e pessoas dispostas a te emprestar algo de bom,  recebi diversas repostas negativas ao longo de minha juventude, moldar meu perfil musical não foi tarefa fácil, passei um período sem saber o que era comprar um disco ou cd, eram muito caros, eu não trabalhava e a ideia de minha mãe me dar dinheiro para simplesmente eu comprar um disco de rock, era um tanto absurdo na cabeça de minha mãe, ela tinha razão em partes, o dinheiro que tínhamos era para comprar o que comer e pagar as tantas contas que tínhamos!
Os anos passaram, comecei a trabalhar, então passei a ter livre acesso à internet, foi quando descobri o belo mundo de lojas virtuais, e até mesmo do malicioso download pirata de músicas, foi nesse período que passei a realmente ir fundo nesse mundo de riffs, acordes destorcidos e melodias. Descobri artistas desconhecidos até então, enfim, moldei meu caráter musical, passei a realmente escutar aquelas bandas legais que eu tanto lia em várias revistas que eu tinha.
De maneira alguma eu deixei de comprar discos, mesmo fazendo download de vários sons eu sempre juntava uma grana para comprar os cds das bandas que mais me importavam, assim veio o meus primeiros discos do The Cure, Radiohead, Placebo, Sonic Youth, Morrissey, The Smiths dentre tantos outros, eu gosto de colecionar cds e discos, acho importante essa resposta junto ao artista que você gosta. Também usei um pouco de esperteza, vendendo discos que eu encontrava em preço mais baixos e que eu não interesse de ter ou não gostava da banda, assim pude fazer um pouco de dinheiro não somente para comprar mais discos, mas também para custos próprios, assim passei boa parte de minha adolescência.
Nesse anos de compras, vendas e trocas de cds, pude notar que os preços nunca eram baratos, principalmente quando a procura do disco era alto, todos nós sabemos que a média de preço varia sempre entre 20 à 30 reais, com sorte você pode comprar discos por 10 reais, quando o disco é  duplo ou importado, já sabe que não sai por menos de 40 reais, por isso o mercado fonográfico sofreu e sofre constantemente baixa nas vendas de discos, fazendo com que os artistas procurem diversas formas de distribuição de seu material, as bandas independentes tem feito isso de maneira bastante eficiente, pois além de vender discos físicos também deixam em seus sites para download gratuito! Os cds hoje vem em alguns casos com capas em papelão e com belas artes em seus encartes além de letras e toda uma ficha completa do álbum, isso para mim é um atrativo a mais, é muito decepcionante compra um disco e ele vir apenas com uma folha em branco sem nenhuma informação do artista nem mesmo letras das músicas, os artistas estão cada vez mais atentos a isso e nos presenteando com verdadeiras obras de arte, vide os discos da Apanhador Só, Marcelo Camelo, u2, Cícero e Marcelo Jeneci são exemplos de belos encartes que já pude ver.
Então com todo esse furacão passando pelo mercado musical inúmeros músicos tentar inovar na maneira de lançar seus álbuns, Thom Yorke vocalista e guitarrista da Radiohead é um dos que mais surpreende do que diz respeito à essa nova forma de vender música, a primeira surpresa que tivemos foi quando ele no site oficial da banda disponibilizou o álbum In Rainbows perguntando ao fã quanto ele achava que valia aquele cd isso causou um tremendo espanto e repercussão por parte da mídia, como se não fosse o bastante recentemente o Thom lança seu segundo disco solo atrás do download via torrent de forma paga, sendo assim o primeiro torrent pago da história da internet algo genial, também não se esperava menos por parte de um génio do  nível do Thom.
Em outro caso também recente, o U2 lançou primeiramente seu novo disco via aplicativo apple, o disco vinha de graça no itunes, então todos que compraram o novo Iphone da Apple ganhava de brinde o disco do U2, é preciso lembrar que eles são uma banda genial, tem uma discografia impecável, com discos que são verdadeiros clássico do rock mundial, só que infelizmente eles não contavam com uma coisa, a internet não perdoa ninguém, tão logo os usuários do Iphone viram o disco do U2 no Itunes, começou a piadas na internet, muitos perguntando quem era o U2 e o que aquele disco estava fazendo em seus celulares. A repercussão foi tanta que a Apple lançou um outro aplicativo para que o usuário pudesse deletar o disco de seu celular.
Hoje eu admiro essas bandas que tem esse contato direto com seus fãs, acabam tendo um contato maior com seu público e pode assim melhorar ainda mais o trabalho que fazem, lugar de artista é ao lado de seus fãs e não pode haver esse distanciamento, pois ele nada seria sem a presença daquele que consome seu material, acho que devemos sim comprar os discos ir nos shows, desde que seja num preço justo!
Situações assim nos mostra a história sendo construída, música é movimento e se você ficar parado ela te leva e você vê, e eu te pergunto: Quanto você paga pela música que ouve? Quanto você acha que deve pagar por ela?
 
Por Jefferson Britto*
Foto: Jefferson Brito e Adriana Belarmino
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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

RESENHA DE SEXTA #02# DEAN WAREHAM


"Vamos falar em Dean Wareham? 
 

Dean é um guitarrista e vocalista que além de sua carreira solo, já foi o principal membro de três inesquecíveis bandas do final dos anos 80 e meados de 90, são as bandas Galaxie 500, Luna e Dean and Britta; Fazendo um Dream Pop, Slowcore, Indie Pop e Indie Rock, Dean é dono de linhas de guitarra simples, mas com belíssimos solos de guitarras que parecem um sonho acordado, a voz de uma geração perdida no meio de tantos grandes nomes que surgiram nessa mesma época.

Galaxie 500 é facilmente encontrada em trilhas sonoras de bons filmes, as vezes vocês escutaram e nem percebeu, ficou com a canção na mente, só que acabou não se dando conta de que deveria ir buscar mais sobre esse som novo que encontrou. 

Foram três discos lançados e uma marca permanente no estilo shoegazing, assim como bons artistas foram pouco reconhecidos no seu período de atividade, a banda incrivelmente influenciou toda a geração seguinte, todos que arriscaram fazer o ruidoso shoegaze dos anos 90, eu posso destacar músicas como Tugboat, Strange, Blue Thender e When Will You Come Home, Galaxie 500 é daquelas bandas que você de certo irá se perguntar o porquê de não ter conhecido antes.
 
 Com o fim da Galaxie o Dean juntou as afinidades sonoras com o Stanley Demeski ex membro da The Feelies e formaram da Luna, com o som mais limpo e as guitarras mais claras eles mergulharam de vez no Indie Pop e o Dream Pop, Luna é a primeira banda do Dean que conheci, o disco que foi a porta de entrada para o mundo sonoro do Dean foi o Rendezvouz, Malibu Love Nest foi executada em meu som por horas absurdas, com sete álbuns e várias compilações lançadas é talvez o projeto mais longo do Dean, também era membro da Luna a bela  vocalista e baixista Britta Phillips, que mais tarde veio a lançar juntos como Dean and Britta.

Já com a Dean and Britta as canções indie pop ficam ainda mais fofas, juntam os vocais angelicais da Britta e a estranha voz do Wareham, lançam três álbuns, discos melodiosos mais experimentais, usando alguns efeitos sonoros, violinos e violoncelos tomam conta do som da banda!

Então depois de anos lançando eps e demos solo finalmente o Dean faz um álbum inteiramente sozinho, é uma obra incrível, é um Dean maduro, mostrando que está em forma e pode alçar voos ainda mais altos, o disco tem a mesma linha de suas bandas anteriores, só que você pode perceber que é simplesmente ele sendo ele mesmo!

É um daqueles álbuns para ouvir por horas absurdas e um artista que não podemos deixar passar desapercebido."
 
Por Jefferson Britto*
Fotos: www.deanwareham.com
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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Resenha: Cavalera Conspiracy em Salvador, por Décio Filho*




 
 
 
Em uma data histórica, 7 de setembro de 2014, dia da Independência do Brasil, foi a vez de Salvador, Bahia, receber um dos shows da turnê Sul-americana do Cavalera Conspiracy. Noite fria e chuvosa do domingo, fui ao evento com o objetivo de ver os irmãos Max e Iggor, tocando novamente juntos na capital do Estado e no País. Em frente a casa de show, The Hall, por volta das 19hs, já era possível observar um bom público aglomerado, não só da capital, mas também de cidades do interior. A galera foi chegando aos poucos. Muitos permaneceram do lado de fora, preferindo a cerveja mais barata e a audição dos sons dos carros que tocavam quase que unânimes álbuns das fases iniciais do Sepultura. Assim só entrando por imposição da chuva que começou a despencar, por volta das 20hs, consequentemente não viram a apresentação da banda de abertura, Capadócia, metal, do ABC paulista.

Por volta das 21hs é a hora do Cavalera, o sexto show, o terceiro consecutivo, da turnê que começou no dia 31 de agosto em Brasília. A aparição de Max Cavalera o leva a uma recepção calorosa, com gritos, aplausos e punhos ao alto. “E aê Salvador!” “Vocês estão prontos para detonar esta porra?”, saúda Max a plateia. E com sua guitarra em punho manda a primeira 'Inflikted', e uma roda é formanda no meio da casa de show, que só encerrou na última música do repertório, 'Roots Bloody Roots'. Outros destaques do setlist, como prometido pela banda, foram as músicas da fase do Sepultura. Tocaram, 'Troops Of Doom', 'Beneath The Remains', 'Inner Self', Arise, 'Desperate Cry',    'Refuse/Resist', 'Territory', 'Atittude',  'Orgasmatron' e 'Roots Bloddy Roots'. Ainda foram apresentadas duas músicas novas, 'Bonzai kamikaze' e 'Babilonium Pandemonium', do terceiro álbum “Pandemonium” que será lançando em novembro deste ano. Como participação, Richie Cavalera, filho de Max, dividiu o vocal em 'Black Ark'.


 É evidente as limitações físicas de Max, estas decorrentes do ciclo da vida, das sequelas da rotina pesada das turnês somada ao consumo de algumas drogas, principalmente a época do Sepultura. A voz não é mais a mesma. Há dificuldades de impor o vocal grave e rasgado, que o consagrou no Sepultura. Entretanto, a sua experiência e genialidade o conduz aos atalhos, enfrentando todas as limitações. O velho Max demonstrou um total espírito jovem. Se preocupou com a qualidade do som e em comunicar com o seu público. Ele tava em casa, queria falar com os seus, não poupou o português, “Vamos aê salvador”, “Grita aê!”, “Como vocês estão”, “Canta mais alto!”. Era visível a satisfação em tocar, faixa por faixa do repertório.

Por fim, o show superou as minhas expectativas a qual o fato de ver os irmãos Cavalera pela primeira vez já seria satisfatório. Vi um Max com bastante disposição e bem à vontade. A The Hall me surpreendeu também, uma ótima casa de show, com um bom palco e acústica. Eu tava ali vendo os caras detonando tudo. Um sonho de adolescente realizado. Sai do evento com plena convicção que ainda teremos muito mais trabalhos de Max e Iggor Cavalera pela frente.
 
 
*Décio Filho é arquivista e colaborador do eventual blog.
      Fotos: [https://www.facebook.com/decio.filho.58]               

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

RESENHA DE SEXTA #01# THE BAGGIOS

"...me rendi ao som cru da The Baggios! Os dois fazem um blues rock ao melhor estilo whatever, é peso e swing numa pedrada só.
Então pode abrir aquela cerveja que está esquecida no fundo da geladeira, pois o som da banda pede algo etílico correndo em nossas veias. The Baggios é um duo como foi dito antes, atualmente conta com Júlio Andrade - vocal, guitarra solo e Gabriel Carvalho – bateria, apesar dessa formação nos discos é fácil ouvir outros instrumentos que encorpam a música que eles fazer, as vezes conta com um teclado bem no estilo The Doors em outras o naipe de metais fazem o tom de algumas músicas não todas é claro, pois não se engane pois isso não deixa a música leve em momento algum, pois as guitarras são bastante distorcidas e a bateria bastante anos 70.

 
The Baggios é do estado de Sergipe e vem surpreendendo a críticos a cada show, com dois discos já lançados e vários festivais na bagagem mostra que veio para ficar e merecem tudo o que estão conquistando, recentemente fizeram parte de uma coletânea feita pelo site OasisNews em comemoração aos 20 anos do lançamento do Definitely Maybe da Oasis junto com outras quinze bandas de indie rock do Brasil, eles tocaram Rock and Roll Star executada lindamente no melhor estilo The Baggios de ser!
                             *   *   *
 
Em 2013 foi lançado o disco Sina, com uma capa que te atrairá em qualquer loja de discos, uma foto ou desenho (não consegui identificar direito) de um senhor segurando uma mala no meio do trilho de um trem, parecendo observar o trem que partiu e não o levou, faz os mais saudosistas sentirem saudades das capas dos discos de vinil que nos permitia ver cada detalhe da arte dos álbuns.
O disco começa com uma pedrada na orelha, a primeira faixa Afro já nos mostra toda a versatilidade e gingado da bateria acompanhada de uma percussão no melhor estilo anos 70, guitarra nervosa cheia de riff te deixa fazendo air guitarra sem nem perceber, tente ficar parado numa hora dessas... é muito difícil! Em Sina a Baggios fez a escolha correta, buscou e aprimorou tudo aquilo que tinha de melhor no primeiro álbum e maximizou nesse álbum, todo cantado em português sendo um grande diferencial, com canções no maior estilo Led Zeppelin e passeios sonoros que vão Black Keys  a White Stripes e ao mesmo tempo mostrando toda a sua identidade, mostrando que são nordestinos com aquele sotaque que te prende ao fone de ouvido, na faixa Salomé me Disse tem um acordeom para mostrar que até misturar um xote com Rock é permitido.
Esturra Leão é a minha preferida, com um naipe de metais a faixa tem uma letra irreverente, Baggios amadureceu e passa com tranquilidade no temido teste do segundo disco, eles merecem respeito pois vivem no underground, com músicas que não tocam no radio mais alcançam várias partes do país.
Eu só te aconselho a escutar Baggios". Jefferson Brito*.
 
Fotos: http://www.thebaggios.com.br
 
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domingo, 27 de julho de 2014

Skate, Punk e Rua


Curiosamente, mais uma vez, a cidade de Feira de Santana, na Bahia, será um local memorável para a banda Malaco Véio (Punk/Hardcore).

Essa será a 3º apresentação da banda em solo feirense. Em setembro de 2003 foi a primeira, na 4ª edição do Feira Rock Festival, um importante evento, realizado em 5 dias com a participação de 30 bandas de várias vertentes do rock. A segunda foi em 2005, dividindo palco como a veterana e clássica banda Garotos Podre (Punk OI), uma das suas grandes influências. A próxima, após ter sido escolhida por votação eletrônica na rede social facebook, será como uma das atrações do show do Gritando HC (Punk/Hardcore), banda de São Paulo. Os paulistas estão em turnê pelo Norte e o Nordeste do país gravando um documentário em comemoração aos 20 anos de sua existência.

A apresentação do Gritando HC será muito familiar para os integrantes da Malaco Véio. Ocasião que remeterá ao início da banda quando tocavam covers de músicas do primeiro álbum, de 1997, do Gritando HC. Fizeram parte do repertório, por exemplo, as faixas: “Aéreo na piscina”, “Libertar nossas correntes”, “Velho punk”, “Punks não morreram” e “Quero meu ingresso pro show do Ramones”. Ainda, em momentos pessoais, como referência skate punk e como trilha sonora nas sessões de skate pelas ruas de Ribeira do Pombal. Portanto, no dia 8 de agosto de 2014, em Feira de Santana, na Bahia, não será somente mais um show para os integrantes da Malaco.

Texto: Décio Filho



quinta-feira, 20 de março de 2014

#GRITOROCK2014



Pela primeira vez desde 1999, a banda Malaco Véio de Ribeira do Pombal tocará em Coité-Ba, continuando sua rota pelo sisal. É uma boa oportunidade para conhecer o trabalho do Vó Bizu e  a região.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

ENTREVISTA: CAMA DE JORNAL


CAMA DE JORNAL, PUNK ROCK DE CONQUISTA

O nome da banda foi encontrado num dicionário de expressões idiomáticas por um dos integrantes, e significa estar em condição de miséria e abandono, situação vivida pelos componentes no seu cotidiano, e que se adequou perfeitamente a banda. A irreverência do vocalista “Nem” e o descompromisso com os padrões comerciais fizeram com que a Cama de Jornal se tornasse conhecida em toda região. A formação atual é Helder na bateria, Rose no baixo, Lázaro na guitarra, e Nem no vocal.

 

E:Nem, agora em janeiro fez um ano da passagem da Cama de Jornal e a Horda Punk (Santa Catarina), por Ribeira do Pombal. Como é para Cama de Jornal estar em turnê?

Nem: Ah, é sempre bacana. Poder estar viajando com os amigos, fazendo nosso som, conhecendo novos lugares, culturas diferentes e fazendo novos amigos por onde passamos.

 

E: A cama iniciou um circuito de turnê, sendo duas na região Centro-Oeste (2011 e 2014) e uma no Nordeste do país (2013). O que foi possível observar entre as regiões em relação a evento, público e bandas?

Nem: O que percebo nesses roles, é que sempre existe alguém se movimentando, seja com banda ou produzindo eventos. A cena underground não para.

Em 2011 a gente tava fazendo 10 anos de banda, e resolvemos viajar, e conseguimos fechar 10 shows, incluindo Goiânia e Brasília, fazendo pela primeira vez show fora da Bahia.
Cama de Jornal em Ribeira do Pombal/BA

Já no ano passado, a gente tinha acabado de lançar nosso DVD/CD de comemoração dos 10 anos, e a gente precisava circular pra divulgar esse material. Aí tinha vários contatos na internet, fui conversando com um, com outro, pra ver a possibilidade de fazermos uma turnê maior, e convidei a banda Horda Punk, de Santa Catarina, que acreditou no projeto, e metemos o pé na estrada, percorrendo algumas cidades do Nordeste. No total, foram 7 shows em 9 dias, direto, sem parar. Foi nessa turnê que passamos por Ribeira do Pombal.


E o que observo é que as cenas são muito parecidas (Nordeste/Centro-Oeste). As coisas são feitas de forma independente, só com apoio da galera que curte o som, na base do faça você mesmo! O público onde quer que a gente toque, é sempre muito receptivo e caloroso com a Cama de Jornal. E por onde passamos, vemos que existem ótimas bandas que poderiam estar circulando pelo Brasil tranquilamente, mas como moramos em um país muito grande, fica difícil a circulação dessas bandas, por conta do alto custo com transporte. Mas aos poucos e com a parceria de alguns amigos e bandas, estamos conseguindo mudar um pouco essa situação.

 

E: A turnê pelo Nordeste foi à maior já realizada pela banda. Esse ano vocês voltaram ao Centro-Oeste, por que não ocorreu outra turnê pelo Nordeste?


Nem: Na Turnê Nordeste de 2013 rodamos mais de 2.700 Km numa van, e foi inesquecível! Esse ano fomos de ônibus comercial pro role em Goiás e DF, e foi foda, 22 horas direto dentro de um busão é complicado...Mas não rolou outra pelo nordeste por conta de achar que não era legal ir de novo para os mesmos lugares, talvez pudesse ficar meio repetitivo, e acho que também não teríamos a mesma chance de que tudo desse certo como da anterior. Numa turnê sempre se corre o risco de shows cancelados, ou de rolar shows ruins e tal...em 2013 tivemos a sorte de tudo ter dado certo e achei melhor não arriscar de novo em 2014...mas tenho planos de voltar a fazer uma outra turnê pelo Nordeste, e quem sabe dessa vez, até maior que a primeira, já que a gente poderia ter ido até Rio Grande do Norte ou até mesmo no Ceará, mas na primeira nos faltou coragem de pegar uma viagem dessa...eheheheh...mas vamo tomando coragem aqui, uma hora voltamos!

Mas uma turnê que é prioridade pra mim agora, é por São Paulo, capital e interior. Já surgiram vários convites, mas ainda não conseguimos nos acertar aqui, mas acredito que uma hora vai sair também esse rolé.
 

 

E: A banda vem sempre registrando as suas atividades e assim acumulando um volumoso acervo fotográfico, audiovisual e outros. Esta é uma iniciativa planejada e terá a produção de algum trabalho com esse material?

Nem: Pô, véio, temos um acervo imenso, desde o início da Cama de jornal, sempre me preocupei em registrar tudo em fotos e videos, e a idéia era de lançar um documentário com a história da gente e um pouco sobre a cena local aqui, mas ainda não rolou de ter tempo pra editar, até comecei, já tenho todo o material colhido e capturado no meu PC, comecei editar e parei quando chegou em 20 minutos já pronto. Mas ao contrário do que parece, dirigir um documentário sobre sua própria banda é bem mais complexo. Pra vc ter uma idéia, esses 20 minutos que já estão prontos, fala só sobre o início da banda e a gravação do primeiro disco, levando-se em consideração que já gravamos 4 discos de estúdio, então, provavelmente o doc vai ficar em torno de uma hora, isso quer dizer que ainda to muito longe de terminar. Mas um dia sai.

 
As bandas Cama de Jornal, Horda Punk e Malaco Véio em Ribeira do Pombal/BA

E: Nem, você tem diversos trabalhos na cena de Vitória da Conquista, como a Casa do Rock e o selo Tosco Todo, os quais contribuem para a divulgação e a produção da cena da cidade. Gostaria que você falasse, resumidamente, sobre cada um como e quando surgiu, porque e objetivos. E como a galera pode entrar em contato e intercambiar?


Nem: Rapaz, eu sou um cara meio agoniado, não agüento ver o marasmo na cena, e quando percebo que tá rolando isso, meto a cara e faço acontecer.

O Tosco Todo-Selo de Divulgação (http://www.toscotodo.blogspot.com.br/) surgiu por conta desse marasmo. Eu tinha a banda, mas nenhum selo queria lançar. Fui e criei o meu, e lanço todos da Cama de Jornal, na tora mesmo. Hoje já tenho parceria pelo Brasil inteiro e tenho dado minha contribuição com alguns lançamentos, o mais recente, foi o da banda Alagoana de punk rock Misantropia, a mais antiga em atividade de Maceió. A banda não tinha condição de lançar e distribuir independente, então, juntamos vários selos do Brasil, e lançamos. Acho que é por aí, façamos nós mesmos.


Já o lance da Casa do Rock, surgiu com a idéia de ser um espaço exclusivo do estilo aqui na cidade, que era carente de espaços como esse. Tínhamos um vídeo bar, e um espaço para pequenos eventos, para até 400 pessoas. Só que tivemos um problema com a localização do espaço, que era numa área residencial (e nobre) da cidade, o que levou ao nosso fechamento por conta de reclamações por parte da vizinhança. Então a prefeitura foi lá, e nos proibiu de realizar os eventos, que eram feitos na garagem da casa. E sem poder realizar os eventos, não tivemos como manter o espaço, e infelizmente tivemos que fechar, depois de quase 6 meses de funcionamento. Uma pena, e uma perda muito grande pra cena local, já que tava acontecendo uma movimentação bacana, todo mundo queria tocar lá e a gente tava dando bastante espaço para as bandas novas, de garagem ainda desconhecidas do público. Mas é assim mesmo, uma hora a gente mete a cara em outro projeto parecido com esse e vai seguindo em frente!

 

E: Pelo que venho acompanhando, Vitória da Conquista tem alçado bons espaços para shows e vem se renovando em relação as suas bandas do cenário, no geral. Realmente há uma movimentação intensa? Quais fatores você destacaria como importantes para tal contexto?

Nem: Então, com o fechamento da Casa do Rock, e de outros espaços aqui, tá complicado agora fazer show. Temos um Centro de Cultura do Estado que está interditado, um teatro municipal que era historicamente utilizado pra eventos de rock e que também não é mais liberado pra cena. Na verdade, o que nos resta é um espaço recente que abriu aqui, um bar, mas que não é essencialmente rock. Temos também um outro bar, que tinha fechado recentemente e reabriu em um local menor. Ou então, na pior das hipóteses, é tocar na rua, nas praças...é o que nos restou!


Em relação as bandas, aqui temos muitas de qualidade, que poderiam tocar em qualquer lugar do Brasil. Bandas como a Ladrões de Vinil, Dona Iracema, e tantas outras. O único defeito que vejo na cena aqui, é que as bandas não são muito de produzir seus próprios eventos, e ficam esperando os produtores fazerem tudo, e só querem chegar e tocar. A maioria não tem noção nenhuma do que é promover um evento, por menor que ele seja. Mas apesar disso tudo, ainda acho a cena de Conquista bacana!

 

E: ‘Cama de Jornal, punk rock de Conquista’, como você descreveria o punk rock de Vitória da Conquista?


Nem: Na verdade, nem considero que aqui tenha uma cena punk rock. Aqui é uma cidade que desde o final dos anos 80 sempre teve banda de punk rock, galera se movimentando, mas geralmente com bandas. Depois dessas bandas do final dos 80 e início dos 90 (Exame de Fezes, Atestado de Pobreza, Depressivos), a cena estagnou, ressurgindo com a banda Renegados no início do ano 2000, que já era uma galera nova, e que muitos nem sabiam que rolava as bandas das antigas aqui na cidade. Depois da Renegados, surgiu uma nova cena Rock na cidade, com banda aparecendo de todo canto, muitos eventos e tal, e foi nessa época que montamos a Cama de Jornal. De lá pra cá, muitas bandas surgiram, mas poucas se mantêm até hoje. É difícil manter uma banda no underground, e principalmente mantendo a mesma postura inicial.

 

E: O ‘faça você mesmo’ continua sendo o princípio balizador, mais atual do que nunca, para uma banda do underground?


Nem: Sempre pensei assim. Se você quer tocar com sua banda, mas ninguém lhe chama, faça você seu show. Sempre fiz isso. Organizei vários shows e pequenos festivais Como o “Autonomia é o Caminho”,, que gerou um DVD da Cama de Jornal e um CD coletânea com bandas locais. Já realizei 6 edições desse festival punk HC, a última foi em Janeiro desse ano, lá na Casa do Rock, com 11 bandas, daqui de Conquista, de Salvador, Poções e Guanambi. Se ninguém chama sua banda pra tocar, faça você mesmo seu show!!!


 


E: A internet e os recursos da informática viraram um divisor de água em alguns cenários da produção musical. Você percebe estes como instrumento a mais para o desenvolvimento da produção autônoma das bandas do underground? Como é a relação da Cama de Jornal com a internet e demais recursos?

Nem: A internet é um recurso que devemos utilizar sempre pra divulgar, mas não é a única forma. Acho que os materiais físicos (CDs, DVD, Botons, Camisetas, canecas) ainda ajudam bastante a divulgação de uma banda. Mas o principal meio de divulgação de uma banda, ainda é show, é tocar ao vivo.


Mas por outro lado, sem a internet, sem os contatos, vc não consegue distribuir isso de maneira mais abrangente. Até mesmo os shows, sempre fechamos a maioria via internet. A turnê Nordeste de 2013 foi toda fechada pelo facebook. Então, existe uma ferramenta que você pode utilizar de maneira satisfatória? Use-a!

A Cama de Jornal sempre utilizou a internet pra divulgar, desde o início. Sempre tivemos nosso site oficial, um lugar onde o cara que quer conhecer nosso som encontra todos os links em um só lugar. MP3, vídeos, letras, discografia, história, shows, tá tudo lá, e sempre usamos isso. Inclusive, em nosso site, tem link pra se baixar toda a nossa discografia de estúdio, os 4 discos. Só acessar: http://www.camadejornal.com.br/index.htm

 

E: Como você viu os movimentos e as grandes manifestações de junho de 2013 no Brasil? E a estratégia Black Blocs?


Nem: Sou a favor de qualquer tipo de manifestação, com ou sem violência. Somos violentados todos os dias, com altas taxas de impostos, transporte público ruim, insegurança pública, corrupção rolando solta...aí quando a galera se rebela e solta o grito contra tudo isso, a mídia joga a favor dos poderosos e tenta de alguma forma gerar a desinformação e desqualificar a manifestação. E como não é todo mundo que tem o costume e cuidado de ler, de pesquisar, de buscar fontes, de ouvir o outro lado, aí cai todo mundo na armadilha da mídia.

O caso dos Black blocs mesmo, a mídia tenta colocar como um movimento. Sendo que na verdade, Black bloc é uma ação direta, individual, sem atrelamento a partidos nem líderes. Então o que a mídia faz? Descaracteriza a ação direta, e “transforma” em “movimento” manipulado por partidos. Hoje vi um programa em que a apresentadora dizia que quando manifestante é morto por bomba ou confronto com PM, é um acidente. Mas aí o entrevistado questionou: “Você fala que é acidente quando a culpa é da polícia, mas quando é de um manifestante você não diz o mesmo”. Então esse é o papel feito pela mídia, defender os poderosos, e massacrar a população.

Mas a grande massa sabe disso? Sobre essa manipulação de informações? Sobre o que é ação direta? Sobre a origem e forma de agir Black Bloc? Não!

E o Brasil tá desse jeito!


 
Texto: Décio Filho
Fotos: Acervo Cama de Jornal
Entrevista: Danilo Cruz e Décio Filho
Janeiro/Fevereiro de 2014